Cachorro, eu?
Se muitos tem um emprego considerado "normal" por aquí eu nao posso dizer o mesmo. Para aqueles desavisados, sou vendedora de vinho perto de Colonia. Digo que sou previlegiada de estar em contato com os Alemães, seus costumes e seus queixumes. Vamos então reportar sobre uma calma segunda feira,quando as últimas garrafas de vinho eram cuidadosamente organizadas nas prateleiras como de costume, quase no final do expediente. Pois não é que soa o telefone e um cliente pede para fazer uma degustacão de vinho. La fui eu em direção ao estande e quem encontro? Um velho cliente meu de bem... uns quatro anos. Ele trabalha em Düsseldorf, mas sempre que pode passa la para completar o seu sortimento de vinho, bater papo e provar novos. Estavamos ja na prova da segunda garrafa quando entabulamos papo. Eu como sempre nunca me restrinjo às questões propriamente de vinho. Em se tratando de vinho voce quase obrigatoriamente tem que falar sobre comida,como por exemplo, o que eles comem ou gostam de cozinhar e dai o vinho para cada ocasião. Também se conversa muito o que comeu e bebeu nas férias. Muitos viajam para a Italia, a terra da boa comida e do bom vinho ou para a Franca onde são feitos os vinhos mais caros do mundo. Então de conversa em conversa a gente vai conhecendo o hábito dos clientes e também suas preferências. Tem cliente que a gente vai mais longe e entra em assuntos da vida privada, briga de vizinhos, de família, doençada em geral, novas próteses da bacia, dentadura nova, câncer da mãe, furúnculos, unha encravada e toda a sorte de infortúnios que atinge a humanidade. O meu estande é um verdadeiro muro das lamentações.
Pois bem, a quase 2 anos ou mais tinha o tal cliente estado no meu estande e parecia que tinha visto um passarinho verde. O sujeito estava tão alegre que era visível. Naquela época ele, espontaneamente, me contou que tinha encontrado uma pessoa e que estava apaixonado. Uau! Então eu disse para trazer a moça para eu conhecer. E assim foi. Veio com ela a tiracolo umas duas vezes, ela meio que tímida, provaram vinho, conversamos fiado. Então nessa segundona, claro, depois de não tê-lo visto ja a uns 6 meses, perguntei sobre a namorada? - E aí como vai o namoro? “-Ahnnn, bem, não vai muito bem não.” E eu, porque gentes, voces pareciam tão felizes? E ele desabafou:” -Ahh, ja tínhamos combinado até de morarmos juntos e coisa e tal. Ela tem dois filhos e um cachorro. Ela queria arrumar mais um cachorro para o filho e aí eu bati o pé. Mudar com quatro seres vivos para a minha casa ainda vai, mas seríamos CINCO? Ah, eu não aceitei. Era muito para a minha vida. Ela queria por tudo um segundo cachorro eu nao dei conta.” Rararararara!!! O pior que a gente tem que levar os clientes a sério. Rararara! Imagine o amor ter ido pro saco por motivos cachorrais. Só na Alemanha mesmo, rarara! Aquí as pessoas se dão ao luxo de recusar a companhia de um ser humano por causa de um cachorro. Essas são as pequenas e gran des tragédias da vida de um cidadão alemão.
É pra rir ou chorar? Ou chorar de rir?

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