Eu gosto de céu azul,mar.Gosto de conversar fiado com os amigos,gosto de rir.

09 März 2006

O (des) encontro de duas águas












Ontem foi o nosso dia. Pelo menos uma vez ao ano a gente pára pra pensar na nossa condição de mulher, pisa no freio do carro da vida, olha à volta se já avançamos alguns centímetros nessa luta. Quanto comecei a escrever o texto do blog de ontem pensei como poderia ser, aí então contei histórias de como a data 8 de março chegou ao calendário, depois pensei bem, quer saber, taquei lá uma coisa que estava me incomodando. Eu tentava escrever e a máquina de roupa zunindo lá em cima no banheiro e eu aquí escrevendo rápido para fazer todo serviço. Então apaguei o texto e baixei a bola e escrevi a vida como ela é. Rarara! É, ainda tem muito chão tanto aquí como aí. Vejo aquí entrevistas com as mulheres muçulmanas (as que ousam dar entrevistas), principalmente as turcas. Geeentes, o mundo está longe de ser o paraiso para todas nós. O pior é que elas são parte do problema e serão também parte da solução. As famílias turcas muçulmanas que moram aquí bebem das duas àguas. Não são turcas, não são alemãs, digo na filosofia da cultura ocidental européia. Uma estranha combinação. Gostam da possibilidade de navegar entre as duas culturas. É como o encontro do rio Amazonas com o rio Negro, que correm no mesmo leito, mas não se misturam. Assimilam valores arcaicos para os padrões europeus, como essa dos panos na cabeça, virgindade. Revindicam para si os valores democráticos das liberdades individuais e praticam à moda deles. Para vocês terem uma idéia, meninas na idade escolar são proibidas pelos pais de freqüentarem aulas de natação, pois têem que usar maiô. Mulher em país àrabe não tem voz nem vez, mas na Alemanha? Aquí elas falam a metade do que queriam, praticam a sua religião e vivem num mundo pararelo. Te digo que tinha uma colega de trabalho praticante, de família marrocana. Um dia eu perguntei, e aí, quando você acabar a sua prática aquí que carreira quer seguir, vai ser vendedora? E ela me olhou com um olhar in-di-gna-dísss-si-mo e disse: "- Eu trabalhar? O meu marido é que tem que trabalhar. Vou casar e ele é que tem que olhar por mim". Isso porquê a mocinha tinha 17 anos.

Foto: Cores feministas fotografadas no jardim