Deus me livre!

Quando fomos ao Brasil em 2004 visitamos a região de Paraty. Conheci aquele que é um dos últimos redutos de mata Atlântica. Na década de 80 passei semanas la acampada em Trindade, aquele paraiso. As únicas peças de roupa nos 15 dias eram as do biquine. Tomava banho de cachoeira e andávamos descalço o dia todo. Preguiça total. Aquilo sim que eram férias. Não fazer nada absolutamente nada. Trindade foi paraiso dos bichos loucos na década de 60. De difícil acesso, ficou relativamente preservado até que asfaltaram o “ Deus me livre” uma descida íngrime que desafiava qualquer suspensão de carro. Voltei lá depois de quase... hum... 15 anos. O paraiso virou paraiso infernal. Havia lixo por toda parte e no lugar daqueles quiosques de madeira e palha quase à beira mar tinha agora uns quiosques de alvenaria suspensos horroros. A praia ficou curta e as cadeiras dos butecos se amontovam na praia. O mais interessante foi a mudança do perfil dos proprietários dos tais bares-quiosques. Pedimos um frango à passarinho e quem vem nos servir? Um koreano proprietário do quiosque com sotaque forte de paulista. Eu te digo, antes o local era habitado por pescadores locais e faziam uma certa harmonia com a paisagem. Agora chegou alí a pressa de São Paulo. Antes podíamos comer e beber sossegado um suquinho apreciando a paisagem, agora tem paulista alí esperando que a gente coma logo e saia da mesa para dar lugar para o próximo cliente. O Cachadaço, uma fantástica piscina natural cercada de pedras por todos os lados, antes só acessível a pé numa refrescante caminhada atravez da mata, agora pode-se chegar de barco. Claro, não contentes os barqueiros estacionam o seus barcos DENTRO da piscina natural. Resultado, você não precisa levar óleo de bronzear. Digo a vocês só a descidona era chamada de Deus me livre, agora podemos chamar o resto de Deus me livre. Vamos abrir exceção para o que sobrou da Mata Atlântica e a paisagem da praia do Sipilho. Ainda estão intactos. Ainda.
Foto do Cachadaço,Trindade
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