Pequenos grandes sonhos

Os alemães tem um olhar muito interessante sobre as outras realidades, digo, realidade longe que eles estão acostumados, pelo menos a nova geração, e que só pode ser captada pela visita em loco ou através da televisão. Novamente comento sobre um documentário que vi na TV sobre um povo que vive na periferia do Cairo, Egito e que como no filme "Ilha das Flores", lembram?, vivem do lixo. Vivem não somente DO lixo, mas NO lixo. São catadores, separadores de plásticos, papéis, metais e tudo quanto é reclicável. É uma reprodução do que acontece em vários paises pobres e a cena poderia ter sido rodada em São Paulo, Bombaim ou Joanesburgo. A tonalidade da pele mudaria indo de branco à moreno claro, passando a escuro e negro-negro dependendo do pais, assim como da língua. No caso esse povo que vive no e do lixo da cidade do Cairo se chama “Savalin”. Impressionante. Um senhor ja idoso para o trabalho pesado dizia na entrevista que ele estava contente la. Comia durante o dia queijo de cabra com pão e a noitinha a sua mulher cozinhava a refeição quente do dia, basicamente legumes. A equipe de filmagem alemã então ganhou uma certa confiança e comecaram a filmar o dia dia dos Savalins. Atras das barracas e paredes de zinco tinha uma pequena padaria, barberio e lugar para jogar cartas e bilhar. Eles constataram que ali havia vida... Hummm...
O maior sonho desse povo que vive do lixo era ter uma casa de alvenaria, com banheiro e se possível ... um fogão a gas. Sonho que um alemão estava tentando tornar realidade ao planejar a construção de casas ao lado do imenso lixão, onde as pessoas pudessem separados do lixo, cozinhar e dormir. O interessante era que os Savalins viviam em harmonia e quase não havia brigas entre os casais. As mulheres trabalhavam duro assim como os homens. Digo a vocês que ainda existe pior situação que as favelas nossas... Alguém pode acreditar nisso? Ao serem perguntados o que gostariam que mudassem em suas vidas o senhor ja de idade respondeu igual a sua irmã, que também trabalha la, NADA. Eles eram felizes, pois ganhavam o seu sustendo ali e tinham o que comer. Não é preciso dizer mais nada.
Ah, a propósito, um cliente meu também sonha com um fogão à gas. Ele veio ao meu estande comprar o seu vinho frances favorito de 300 euros a garrafa e confessou triste que decidiu tarde colocar um fogão à gas na sua cozinha de 50 metros quadrados, mas não poderia mais fazê-lo, pois as instalações de gas teriam que ser feitas. Então ele iria continuar sonhando com o um fogão à gas...
Foto: Franz Hecker, os nossos Savalins ao fundo
1 Comments:
Olá Solange,
lembra-se de mim? Guilherme, o sobrinho cabeludo de Carla em BH. Os alemães quando vêem essa foto devem ficar reparando a favela ao fundo, eu reparei de cara foram os Caio apaches e o marcopolo viale (ônibus) esperando reclamações do transporte público. Isso é um bom exemplo de diferença cultural. Infelizmente nos acostumamos com essa realidade que não vai mudar tão cedo. Espero que o projeto de reforma na educação básica e investimentos na educação superior e em tecnologia pra todos consiga sair do papel e mudar um pouco essa realidade.
Dienstag, Februar 28, 2006 11:49:00 PM
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