Soledade de Minas

Em outros tempos as máquinas de ferro
Cruzavam seus chifres e queimavam os cascos
Na agulha grossa dos dormentes.
As caldeiras ferviam nas locomotivas
E o vapor tecia sonhos de guerra
No peito dos soldados.
As cidades ferroviárias estavam no apogeu.
Levavam bois nas classes noturnas,
Esparramavam óleo no joelho dos vagões,
E faziam o ofício de mulheres-cortesãs,
Fiando suéteres para a História Industrial.
Havia cabelos esvoaçantes, náuseas,
E na dobra do morro o olhar da lua
Comia a cauda agitada dos trens.
Havia o pasmo das crianças e moças
Perante a violência das invenções inglesas
Nas gargantas úmidas de Minas.
Hoje, o silêncio desceu sobre os trilhos
E todos foram escondidos num casaco de capim.
Eustáquio Gorgonne www.tanto.com.br
Foto Fargas
0 Comments:
Kommentar veröffentlichen
<< Home