30 Juni 2006
Cortinas novas

Graças a Deus! Ontem tivemos um dia sem futebol. Não agüentava mais aquela torcida alegre. E a guerra dos tamancos, vocês viram? Rara! Tamancochss portugueses contra tamancos holandeses. Não sei se vocês sabem os holandeses também calçam tamancos. Que partida, meu! Só se via neguinho voando. Gentil esse treinador de vocês, de onde é que ele vem mesmo? Rarara! Os alemães ja voltaram ao normaall esta semana, isto é, estão com cara de b... , mas hoje vão sofrer de novo. Contra a Argentinha. Rara! Vamos ter que aturar as baforadas de charuto do Maradona no Estádio. Ele ja tomou murta, mas ta la fumando feito capora. Não toma jeito. E cada um decora a casa como quer. O sujeito aí da foto gastou toda grana com as bandeiras e não sobrou dinheiro para comprar as cortinas. Rara! Dormi mais cedo para suportar o tranco de hoje. Se a Alemanha perder vai ser luto nacional, ai,ai.
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Foto: Solange Ayres
Janela de um AP em Colônia, Alemanha.
29 Juni 2006
Girrasol fixo

Despeço-me de março e volto
À mesma rua em abril. Ciclo
Que força meu coração.
O pessegueiro vira belo em agosto
E a cada instante o contínuo
Afinar de instrumentos reavalia
A textura das cordas.
Trazendo gafanhotos nos desenhos,
Outubro se transveste de Sèvres.
Quando passa ao mês seguinte seu
salário.
Assim os meses reacendem promessas
E o sonho martela o corpo frágil.
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Poesia: Eustáquio Gorgone,em: Girassol fixo
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Foto: Solange Ayres
Hochkirchen, Alemanha
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Uma homenagem a Eustáquio.
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Poeta de Caxambu vence Concurso Nacional de Literatura de BH . |
Foi divulgado, nesta quarta-feira, a relação com os três vencedores do Concurso Nacional de Literatura Cidade de Belo Horizonte - categorias poesia, conto e romance. Um dos ganhadores é o mineiro Eustáquio Gorgonete de Oliveira, natural de Caxambu, vencedor da categoria poesia, com a obra “O cavalo e a sombra”.
Também foram premiados o paulista Marco Antônio Bin, que venceu a categoria conto, com a obra “A paixão inútil”; e o carioca Ruy Reis Tapioca, que com “Conspiração Barroca” levou o primeiro lugar na categoria romance. O concurso premia os melhores livros inéditos e é um dos mais antigos do país.
Criado em 1947, o concurso tornou-se uma tradição, tendo premiado autores como Luís Giffoni, Carlos Herculano Lopes, Max de Figueiredo Portes e Antônio Barreto. De acordo com a Fundação Municipal de Cultura, o concurso deste ano registrou 620 inscrições, com 263 para poesia, 158 na categoria conto e 199 para romance. O vencedor de cada categoria vai ganhar R$ 20 mil, o dobro da última versão do concurso.
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Do jornal UAI
27 Juni 2006
Rudolfplatz


Na Praça do Rodolfo esta a Porta de Hahnen como é oficialmente chamada. Era parte de uma das 12 portas do muro de 8 quilômentros que cercava a cidade de Colônia entre os anos de 1180- 1220. O nome provém do antigo proprietário do terreno no século XII, quando foi contruida. Como tantos outros monumentos, sofreram com o tempo e as guerras. Os muros protegiam a cidade contra as invasões de bárbaros. Hoje a invasão é brasileiros, ingleses, suiços, africanos, gentes de todas as côres. A cidade esta em chamas. No domingão resolvi dar umas voltas por la. De cara, passeando perto do rio Reno, rara, trombo com um casal de brasileiros desesperados. Abriram o olho para a minha camiseta escrito “Brasil” e sem dizer um “Boa tarde” como aquí é de costume, perguntaram de cara, assim na bucha “-Onde tem restaurante aquí? É perto de um rio, né?” Rarara! Tavam mesmo com cara de fome. Rara!
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Foto: Solange Ayres
Rudolfplatz, Colônia, Alemanha
Da série Burgos e Castelos
26 Juni 2006
25 Juni 2006
Domingo 25.06.2006 14:32

Hoje fui visitar Colônia. Domingo. A praça de Neumarkt esta vazia. Ao fundo se vê a imponente igreja dos Apóstolos, construida no século XII em estilo romano. Antes de mudar para Kreuzau fazia o caminho diário até o trabalho e passava por la de carro. O trânsito é aquela muvuca de sempre. Mas muita coisa mudou na cidade, como por exemplo os tradicionais butecos foram caindo de moda. Muitos fecharam mesmo as portas. Os frequeses ficaram escassos e o centro da cidade morre aos poucos no fim de semana. Este é um fenômeno em toda a Alemanha. Os clientes estão literalmente ... morrendo e a tradição de ir ao buteco bater um papo também. A única impávida na praça é a ... igreja, como em todo o lugar.
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Foto: Solange Ayres
Praça de Neumarkt, Colônia, Alemanha
Na corda bamba

Nunca se viu tanta bandeira na cidade. Esta um verdadeiro carnaval. Esses vizinhos aí se juntaram e penduraram os seus favoritos no varal.
Alguns ja cairam fora das quartas de final, mas o Brasilsinho continua la firme. Amanhã vamos esGANAr o próximo adversário.
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Foto: Solange Ayres
Bandeiras nas janelas próximas ao estádio de Junkesdorf, Colônia, Alemanha.
O dirigível Hindenburg

O maior acidente aéreo da história dos zepelins aconteceu em maio de 1937. Provável faisca na armação causou a explosão na aterrizagem onde morreram 36 pessoas dos 92 ocupantes em Lakenhust em Nova Jersey, Estados Unidos. O acidente foi a primeira catástrofe da ser filmada. As cenas dos passageiros fugindo das chamas impressionaram o mundo. Hoje os zepelins prestam um serviço ao sistema de tráfego e voam agora não mais com gas hélio, mas gas não explosivo. Durante a Copa ele é visto com freqüencia nos ares de Colônia,
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Foto: Solange Ayres
Centro velho de Colônia, ao longo do rio Reno, Alemanha.Caminhar é o melhor remédio

Eu: -Ah, boa tarde como vai o senhor a quanto não o via.
Cliente: -Eu também, a senhora estava de férias não é, ja estive algumas vêzes aquí e não a vi.
Eu: -Estava mesmo, duas semanas só. Ninguém é de ferro. Ah, me diz como esta ELE de saude? Melhorou? Da última vez o senhor disse que ele estava muito mal.
Cliente: -Ah, nem me diga, ELE deu uma melhorada e depois caiu novamente doente. Os médicos examinaram e era a válvula do coração. Disseram que é a idade. Não ha o que fazer. Esta agora tomando remédio para o coração, disritimia. Mas antes ele tinha pego uma pneumonia e deu água no pulmão. Foi uma correria só daqui para ali para o médico. No final ele tomou umas injeções e esta realmente melhor, ja esta até andando normalmente. Mas me deu um trabalho... Agora ele tem que fazer caminhadas para exercitar um pouco as pernas.
Eu: Ah, me desculpe, mas como ELE se chama mesmo?
Cliente: Qüintum. Vem do latim que significa quinto... Ele foi o quinto a nascer. A cachorra pariu 5 ...
Rararrarara!! O qué é que vocês pensaram, que era o avô do freguês? Enganaram. Era o cachorro do meu freguês. Rarara!!
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Foto: Solange Ayres
Cenas das ruas do centro de Colônia, Alemanha23 Juni 2006
Sumô

Desta vez o jogo foi bonito. E a cara do Zico, minha gente. O time dele Zicou de vez. Rara!! Trombei ontem com o chefe de bandeirinha na mão e dizendo “Tchüss”, tchau em alemão e eu perguntei, “ Ué, ja vai, tão cedo? Para onde?" Ele apontou para debaixo do braço. Enroladinha estava la a nossa bandeira cheirando a sovaco do chefe. Ia a Dortmund só para torcer para o Brasil. Uau!
E geentes, o jogador sumô espalhou arroz no campo dos japoneses e eles escorregaram de 4 x 1. Rarara! Valeu Ronaldo! Agora vamos roer as unhas nas oitavas.
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Imagem: Ronaldo no jogo Brasil X Japão
22 Juni 2006
A mercê do vento

O Partido Verde não esta mais no governo. Pena. Muito antes de estaram no governo ja lutavam a favor da ecologia. A principal bandeira é uma economia orientada para a utilização racional dos recursos naturais sem prejudicar a natureza. Na gestão anterior eles formaram a maioria no parlamento e tiveram o ministério do Meio Ambiente, Tritin e o Ministro do Exterior, Joschka Fischer. Nesse tempo incentivaram muito a utilização de energias renováveis como a energia solar e eólica. Por toda a Alemanha se vê moinhos de vento.
O novo governo porém ja pensa em adiar para as calendas gregas a desativação das usinas atômicas, que foi um compromisso dos Verdes e da Social Democracia, no governo anterior, e criticam os subsídios para a energia alternativa. Nós ao invés de ficarmos a mercê do vento corremos o risco de ficar a mercê dos átomos. Aliás a população não ta nem aí. Não sabe de qual fonte vem a energia. Só sabe que vem da tomada.
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Foto: Solange Ayres
Redondezas de Düren, Alemanha.
As ruas estão assim

As ruas estão assim, cheias de bandeiras. Nunca se viu tanta bandeira asteada ao mesmo tempo flanando ao vento. A euforia esta tomando conta da torcida alema, depois do 3 X 0 contra o Equador. A nossa rua tem pelo menos duas alemãs e uma do Brasil, claro Cleide. Para aqueles que dirigem na Alemanha a placa azul ao fundo significa que o motorista tem que estar com o pé no freio, isto é, carro não tem aquí nenhuma prioridade, só pedestre. A rua é de recreação e as criancas, as poucas existentes podem jogar futebol sem se preocuparem. Olhem, la tem até uma bolinha na placa.
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Foto: Solange Ayres
A rua de casa em Kreuzau, Alemanha.
20 Juni 2006
Vai passar

Ah, hoje uma cliente minha, gravidésima de 8 meses disse que tinha conseguido comprar na internet ingressos para 3 diferentes jogos em Colônia. Se pudesse iria em todos, disse ela. Ela adora futebol e gosta mesmo é na hora que os jogadores marcam um gol? Não, quando ... cantam o hino nacional. Rarara! É mole? Adoraria ver os ingleses ao vivo cantarem, acha lindo e listou os que mais alto cantam, rara, são os mexicanos, os suecos e os americanos. Os alemães só balbuciam, disse. Rararra!! Na semana passada deu a maior discussão aquí exatamente sobre os hinos nacionais, essa obsolescência histórica. Analisaram os hinos da Tunísia, Estados Unidos, França, Brasil, Irak, Alemanha e chegaram a conclusão que as letras dos hinos são... guerra pura. A Marselhesa é um campo só de batalha:“ Se nossos jovens heróis caem, a França outros produz contra vocês, totalmente prontos para combatê-los!” O nosso: “Veras que o filho teu não foge à luta, nem teme quem te adora a própria morte”. Adora a própria morte? Cruuuzes, que coisa mórbida. Ô Ozório, o senhor não poderia ter inspirado em outra coisa? Como a Marselhesa os hinos foram escritos num outro período da história. Eu sou a favor de contar a história da nossa pátria em ritmo diferente e adotar a musica do Chico e do Francis Heim como hino nacional e eu ao invés de marchar nas comemorações oficiais* passaria era sambando.
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Vai passar
Nessa avenida um samba
popular
Cada paralelepípedo
Da velha cidade
Essa noite vai
Se arrepiar
Ao lembrar
Que aqui passaram
sambas imortais
Que aqui sangraram pelos
nossos pés
Que aqui sambaram
nossos ancestrais
Num tempo
Página infeliz da nossa
história
Passagem desbotada na
memória
Das nossas novas
gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão
distraída
Sem perceber que era
subtraída
Em tenebrosas
transações
Seus filhos
Erravam cegos pelo
continente
Levavam pedras feito
penitentes
Erguendo estranhas
catedrais
E um dia, afinal
Tinham direito a uma
alegria fugaz
Uma ofegante epidemia
Que se chamava carnaval
O carnaval, o carnaval
(Vai passar)
Palmas pra ala dos
barões famintos
O bloco dos napoleões
retintos
E os pigmeus do bulevar
Meu Deus, vem olhar
Vem ver de perto uma
cidade a cantar
A evolução da liberdade
Até o dia clarear
Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório
geral vai passar
Ai, que vida boa, olerê
Ai, que vida boa, olará
O estandarte do sanatório
geral
Foto: Eu marchando, puxando a fila, no desfile de 7 de setembro, dia da Independencia Nacional em Caxambu.
18 Juni 2006
Tempo de aspargo

Vocês ja comeram aspargo na vida? Eu aí no Brasil, nunca, nem sabia que existia . Aquí na Alemanha entre maio e junho é uma verdadeira febre. Me lembrei de Belo Horizonze quando era tempo de pequi, aquela frutinha amarela e espinhenta por dentro que a gente cozinha com arroz. Mas aquí o aspargo descascado, cozido e é comido com um molhinho envenenado, cremoso e presunto. Uma verdadeira iguaria. Quando experimentei pela primeira vez, no outro dia achei que tava doente ia pifar e ja ia encomendando a alma porque o corpo ja exalava odores estranhos. É que o cheiro do xixi depois é ... rarraa, indescritível.
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Foto: Eu na cozinha descascando o aspargo
Sobrou pedra sobre pedra

O Burgo Nideggen resistiu ao tempo e as guerras. Sua contrução foi iniciada pelos Grafs no ano de 1177 até 1191. Até o século 15 foi residência da família. Nas guerras de disputas internas da igreja muitos se hospedram em suas masmoras involuntariamente como o bisbo Honrad von Hochstaten. Ele ficou la acorretado por 9 meses. O seu sucessor teve pior sorte, 3 anos entre 1267 e 1271. No interior dos muros ha um castelo e uma igreja. Destruido em 1542 por disputas de despojos de guerras entre o imperador Carlos V continuou sendo saqueado no reinado de Luiz XIV, quando suas tropas o invadiram e atearam fogo. Dois terremotos abalaram Nideggen em 1678 e 1878 e sempre o reconstruiram. Na II guerra foi novamente destruido e em 1950 iniciaram a reconstrução definitiva e os muros foram colocados de pé. O que mais me fascina neste burgo é a cor vermelha inconfundível das pedras que só existe aquí nesta região. Na sexta feira passei por la e flaguei Nideggen de bandeirinha preparada torcer contra o Equador na terça.
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Foto: Porta principal de Nideggen
Da série Burgos e Castelos da Alemanha
15 Juni 2006
O suino e as fezes

Geeentes, tô escrevendo esta porque quero desabafar. Não agüento mais responder pelas banhas do Ronaldo, o fenômeno. É duro ser vendedora na Alemanha em dias de Copa e todo mundo sabendo que sou brasileira, um suplíco. Tô levando a culpa do Ronaldo ter enchido a pança de coxinhas, quibes, lasanhas, cerveja, caipirinha e feijoada. Fora o pudim de leite de moça que ele deve ter devorado de sobremesa. Dois no mínimo! E os brigadeiros, beijinhos? Eu não agüento mais!! Não ha desconforto maior que responder pela comilança alheia. Ja tentei explicar que não tenho parentesco nenhum com ele e nem sei quem é, mas não adianta, todos acham de vir pedir opinião e comentarem comigo que o cara esta pesado, parecendo um schwein, digo, um suino. Um comentarista no jogo o chamou de “Pomelino”, isto é, gordinho, rechonchudo e um outro de “búfalo”. Rarara! Se isso não bastasse um colega meu me gozando a cara disse: “-Sabe por quê ele se chama Kaka? ( o Caca, que fez o gol) Porque ele tinha um irmão mais velho que toda vez que ele fazia nas fraudas ele dizia, COCÔ de novo!” Rarara! Aquí Kaka na tradução é cocô.
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Foto: Meu cofre de porquinho
Copa 2006 na Alemanha
13 Juni 2006
Brasil X Croácia

É hoje! Os fãs de futebol ja colocaram a suas bandeiras para fora e a minha também ja ta la pendurada na janela. O jogo vai ser no horário nobre daqui, 21 horas. Uau! Até eu vou ver. Confesso que na última semifinal na França eu... dormi. Rarara! Mas hoje não, vou resistir firme, até porque eu não tenho mais sossego. É tanto cliente fã do Brasil que pergunta e comenta que eu não posso dizer que não assisti o jogo. Os alemães são (fã)náticos pelo Brasil. Ja botei até umas cervejinhas extras na geladeira. Mas quem vai mesmo ser internado de overdose no final da Copa é o Beckenbauer. De cerveja? Não o coitado é embaixador da Fifa. Ele vai assistir TODOS os 64 jogos ao vivo. Como? Voando. Rara! Ele é mesmo o super homem para agüentar a parada. Ontem mesmo ele ja trocou as bolas numa entrevista, rara, perguntado sobre os times africanos, isso porque estamos no início da copa: “É muito jogo para guardar tudo de cabeça.” Rara!
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Foto: Fachada daquí de casa
12 Juni 2006
Ré confessa

Haveria algo mais cruel e que matar insetos lentamente numa camara de gas de formol e depois espetá-los no isopor com um alfinete? Não. Pois eu pratiquei essa babaridade, confesso. Borboletas, joaninhas, besouros, vítimas indefesas foram parar na exposição do trabalho de biologia nos tempos do ginásio. Ai, ai, arrependida procuro redimir dos pecados de outrora. Hoje aprisiono-os na eternidade de um segundo somente nas lentes de uma camera.
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Foto: Solange Ayres
Em memórias da juventude
11 Juni 2006
A festa das furecas

Duas vêzes por ano aquí perto de casa os donos de tratores antigos tem um encontro marcado. Mas não imaginem que as máquinas chegam la a reboque não. Elas chegam sob suas próprias rodas e motor. Incrível como ainda funcionam. Os amantes de tratores antigos conservam-os como se fossem... novos. Rarara! Muitos desses tratores ainda prestam servicos a pequenos agriculturores, mas a maioria é mesmo peça de museu. A caminho do trabalho dei uma paradinha para olhar. Lembrei do velho caminhão do senhor Zé Bucha la em Caxambu. Devia ter a mesma idade desses aí e ainda prestava o seu serviço, entregava gas na porta de casa.
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Foto: Solange Ayres
Festa de tratores em Vettweiß, Alemanha.
10 Juni 2006
Conversa à luz da lua.

No jogo de ontem, na verdade torci para a alemanha contra a Costa Rica. Trabalhamos de bonezinho com o emblema da alemanha. Não me olhem assim. Sinceramente era um timeco essa tal de Costa Rica, confessem. O pior é que ainda fizeram 2 gols! O 4 X 2 também não convenceu nem os alemaes. Eles não acreditam que o time chegara às quartas de final. Mas como diria meu amigo Marcelo D´agostini, futebol é uma caixinha de surpresas. Quem diria, 20.000 polacos assistiram em Geseilkirchen a derrota do seu time contra oEquador?
Ja era tarde quando sai o trabalho, 22 horas. Deixei para traz a tropa de turcos que faria a limpeza, provavelmente sairiam quando a lua ja estaria alta. Surpreendi dois sujeitos de conversa quando ainda havia luz.
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Foto: Solange Ayres
Esculturas de um estacionamento
Nunca fui chegada a flôres

Nunca fui chegada a flôres, mas acho que paguei a língua, como vocês estão vendo. O meu blog esta sempre florido. Essas aí são orquídeas e só florescem em terreno especial, particularmente em algumas clareiras de matas aquí da região do Parque Nacional de Eifel e estão sob a proteção da natureza. É um previlégio te-las no jardim. No ano passado fui dar um passeio e trouxemos umas sementes, que são assim pequenininhas feito grãos de açucar cristal. Semei no jardim e aí esta. Por alguns dias terei a sua companhia.
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Foto: Orquídeas do meu jardim
08 Juni 2006
Samaria

Senhora Maria, Samaria assim a chamávamos. Desde que me entendi por gente a Samaria ja existia trabalhando como serviçal para a minha avó. Era um ser quase inesistente. Falava pouco e resmungava de vez enquando. Só se alterava quando a gente, às 4 horas da tarde espreitavamos a porta do seu quarto para “ver a Samaria tomar banho de bacia”. Morava num quartinho ao lado da casa, sem banheiro e tinha um único bau em que guardava suas roupas. Embora a casa tivesse chuveiro com água quente, Samaria nunca o usava. Tinha pés grandes sempre calcados de alpargatas, cabelos brancos, outrora louros e olhos azuis. Não era casada, não tinha filhos nem parentes. O tempo passou mudei para Belo horizonte. Um dia fui fazer uma visita à minha mãe e me disseram que ela tinha ido para o asilo. Recebi a notícia com uma pontada no coração. Ela que cuidou da minha vó até os ultimos dias tinha não tinha ninguém, estava sozinha no mundo. Então fui visita-la. Não posso esquecer o quanto seus olhos brilharam ao me ver. Assim um dia recebi a notícia que a Samaria partiu. Foi a única empregada branca de olhos azuis que conheci na vida que serviu uma mulata, a minha avó.
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Foto: Minha avó e meu avô e os fillhos
Tratamento VIP

Falemos de ecologia ao invés de futebol. Tentei ja descrever como alemão aquí é fanático por ecologia. Pois bem, mas não vamos exagerar. No Brasil, quem é que vai ligar para uma mísera aranha? No Brasil, mas aquí? Bicho aquí de qualquer tamanho tem tratamento VIP. Eu aquí resolvo é com aquela que não dobra, não solta as tiras e não tem cheiro, rarara,a sandália, minha gente. Um dia la na academia de ginástica vi uma dessas aranhas cabeludas de pernas longas que correm, argh, e que se escondeu bem debaixo do aparelho de ginástica que eu estava usando. Ao que vi dei um pulo e fiquei observando a bicha. Tinha uns tres homens daqueles musculosos fortões sarados perto da cena e pensam que eles reagiram? Apontei com o dedo pedindo ajuda, tipo, vai matar ou não? Um la abanou a cabeça dizendo não e saiu. Os outros continuaram la nos aparelhos como nada tivesse acontecido. Imagine se fosse aí no Brasil, ja teria aparecido um bonitão de sandália em punho e heroicamente teria me salvado daquela criatura. Não tive outra alternativa que ir cozinhar na sauna. La pelo menos a 100° estaria salva de insetos peçonhentos.
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Foto: Minha sandália07 Juni 2006
Dê a preferência

Depois de tanta guerra e destruição, a maior preocupação dos alemães é preservarem o que têem em relação à natureza. Em Kreuzau por exemplo existem programas da prefeitura que promovem anualmente uma caminhada noturna para observar... a migração dos sapos. É, por aquí no início da primavera os sapos migram e tem determinadas “rotas” na floresta que são seguidas todos os anos, por exemplo em direção a lagos, rios. Então somos convidados a participar dessa observação. Bem, nunca participei, mas juro que sou curiosa. La os biólogos explicam de porque os bichos são importantes para o equilíbrio da natureza. A placa indica a imigração dos ditos e quando a gente passa de carro é aconselhado dirigir devagar, até porque você pode derrapar em algum que virou tapete.
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Foto: Solange Ayres
Estamos trabalhando

Galera, ontem foi terca feira gorda, depois do feriadão e as moças pegaram firmes no batente. Normalmente ficam sentadas la tomando um solzinho, mas hoje a cadeira estava vazia. Tivemos duas semanas de um tempo frio, nenhum sol e na terça, justamente quando voltei a trabalhar o sol resolveu aparecer, é sempre assim. Claro que todo mundo quis aproveitar o dia e dar uma volta ao ar livre... Como estamos próximos a copa do mundo e esta a maior febre por aquí. Como disse a temperatura subiu em todos os sendidos.
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Foto: Não me perguntem de novo como consegui a foto no exato lugar da foto de antes. Juro que foi feita ontem.
06 Juni 2006
Filme Brasil

10 anos fora e vai começando a fazer diferença. A cada dia vai ficando difícil reconhecer os personagens do filme Brasil. Abro la a Folha o JB e não reconheço quase ninguém. Bem, muitos dos políticos ainda estão em cena, mas por exemplo os atores os cantores novos? Ouço a radio “Funk aus Europa” que faz programas muito bons com música brasileira. Tem de tudo. Tem um que canta, não sei quem é o sujeito, acho que é um tal de Chico Cesar, “-Agora é missangaaaa, é pano pra manga, orangotangaaa!”. Missanga com orangotanga! Pode? Como deixam um cantor desses assim solto? Eu que não sou la fã do Rap, prefiro eles a esse sujeito. Acho que o pessoal da radio aquí vai pelo ritmo, mas se entendessem as letras... Tô parecendo a minha mãe que quando eramos adolescentes e curtíamos os Rollings Stones e ela gostava da Angela Maria e nós arrepiávamos os cabelos. Agora estou assim: Ai, ai, que saudades do Chico e o Caetano. Mas, voltando à memória nacional, espero que a teia de aranha se limite à minha janela e não extenda para o meu cérebro. Fico pensando nos programas de TV brasileira de hoje e os poucos que reconheço a... Hebe o Faustão e a... argh Xuxa. Socorro! Esqueci de alguém? A Fafa ainda continua cantando o hino Nacional?
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Foto: Solange Ayres
Tricô na minha janela
Burgo de Kreuzau

Vocês não imaginem que idílico é o pequeno burgo de Kreuzau bem no meio da cidade. Para dizer a verdade nunca tinha reparado. Era só dobrar à direita da rua principal e la esta ele, simples sem torre como se vê nos outros burgos. Ele foi contruido nos séculos XVII e XVIII às margens do rio Rur. Antes era um burgo cercado de um fosso de àgua para a proteção dos seus habitantes que com o passar dos séculos sem as invasões de ordas bárbaras, perdeu o significado. Hoje no lugar do fosso ha um pequeno jardim com cavalo pastanto. Pertence a proprietários privados e esta sob guarda do patrimônio histórico. É como se fosse uma pequena “fazenda”, pois eles tem terras em redor da cidade onde são plantados cereais e verduras. Nos dias normais da semana os produtos são vendidos la mesmo no burgo. Uma belezura.
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Foto: Burgo Kreuzau
Da série Burgos e Castelos
04 Juni 2006
Deu Tilte

Um cliente baixa la no meu estande de vinho e pergunta, onde ele estava. Era numa sexta feira e o sujeito me pergunta aonde estávamos? Bebeu? Perdeu o rumo? Mas ele não tinha provado nada ainda. Achei que era piada, abri um sorriso e esperei o resto da frase, levantando as sobrancelhas, numa de oqueéqueosenhorestaquerendodizercomisso? Explicou: estava procurando onde vendia mapas, pois estava mesmo perdido.Veio visitar um amigo em Colônia e o sistema de navegação por satélite do carro pifou e ele não sabia voltar para a casa. Rarara! Normalmente a gente tem no carro aquele monte de mapas das estradas, pois aquí sem mapa não se chega a lugar nenhum. Uma conhecida da minha ginástica contou que caiu na besteira de fazer uma viagem longa usando pela primeira vez o sistema de navegação. No meio do percurso a voz eletrônica: “ Prepare-se para virar à direita” e ela la ficou à direita e não ouviu qualquer outra informação por alguns minutos. Então de-repente ouviu: “-Prepare se para virar à direita a 150 metros! Ela olhava para a direita é só via muro. E a voz insistia “-Prepare-se para virar à direita a 50 metros!! Desesperada não via saida nenhuma da auto-estrada e a voz eletrônia ja puta da vida, com o tom alterado quase dizendo, “-Vire à direita, porra! A irmã do lado nessas alturas ja chorava de rir. “-Vire à direitaa! Vire à direitaaa!!” Insistia a voz e ela só via muro. Rarara! Imaginem a cena, alguém tapando discussão com a moça do sistema de navegação? Rara!! –“Sabe de uma coisa, se a senhora gritar mais uma vez no meu ouvido vou mandar a senhora e este mardito sistema para a pqp. E eu viro se quiser.”. Rarara!! Então resolveu desligar a coisa parar no próximo acostamento e consultar o velho mapa. Ja em casa, sã e salva o queridíssimo marido informou que o computador não tinha sido programado direito.
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Foto: Eu a caminho de casa
No meio do rio tinha uma cidade

... no meio da cidade tinha um rio, o rio Rur. Para atender as necessidades da nascente industria alemã foram feitas represas para funcionar as turbinas das fábricas. De Montjoie se transformou em Monschau 1918. Mas a história da cidade começa muito antes, no ano de 1198 com o burgo ao fundo da foto. A cidade foi palco de ocupações, guerras e floresceu mesmo foi no século XVI com a indústria de tecelagem que até hoje traz muitos turistas a cidade.
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Foto: Cidade de Monschau
Da série Burgos e Castelos
Amarelo de manga espada

saio pelos campos a copiar
as árvores do ano passado
a lua presa em seus ramos.
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pinturas fauves de um amor
que leva de mim seus corantes.
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escorços de rubra casca
ela à frente das buganvílias.
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faço telas de tintas fortes
amarelo de manga espada.
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mas tudo se estraga no tempo
o corpo a arte o amor.
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Poesia: Estáquio Gorgone
em Manuscritos de Pouso Alto
www.tanto.com.br